Semana Inglesa Ipatinga
Arcanjo aparece de camisa Azul e de barba.
Quando ainda morador de Ipatinga, em 1981, eu era líder dos Comerciários e havíamos conseguido através do apoio do Vereador Arcanjo Evangelista Pascoal e do Marquinhos, fazer aprovar na Câmara Municipal de Ipatinga a Lei denominada Semana Inglesa.
Até aquele momento, o comércio de Ipatinga e
de todo o Vale do Aço, funcionava como os comerciantes bem entendessem.
Abriam às 7 horas da manhã e ficavam abertos
até as 7, 8 horas da noite. No Sábado funcionavam até as 7 horas e alguns
abriam até no Domingo.
A Semana Inglesa, iria regulamentar o horário do comércio. Abriria às 8 horas e fecharia às 18 horas durante a semana e no sábado, fecharia às 12 horas.
A Semana Inglesa, iria regulamentar o horário do comércio. Abriria às 8 horas e fecharia às 18 horas durante a semana e no sábado, fecharia às 12 horas.
Ficavam os comerciários escravos deste
sistema realmente escravagista e até mesmo os empresários ficavam reféns de
suas ganâncias e medo.
Em 1976, havíamos apoiado o farmacêutico João Lamego pra
Prefeito, como homem popular, mas não tínhamos praticamente nenhum canal
de acesso ao Lamego.
Ao iniciarmos a caminhada em meados de 1980
para implantarmos a semana inglesa, ele havia prometido, que, se conseguíssemos
aprovar a Lei na Câmara, ele a poria em prática.
Ao procurarmos os vereadores, estes nos
prometeram que se tivéssemos um abaixo assinado dos comerciários e
comerciantes, que eles aprovariam.
Veja o tamanho do novelo.
Bom, mas como estávamos em Ipatinga, Minas
Gerais, e como bom mineiro, fomos à luta.
Em um primeiro momento, precisamos
conscientizar-nos de que deveríamos ter o máximo de participação dos
comerciários nas coletas das assinaturas.
Uma vez articulada esta parte, foi quase
impossível coloca-la em prática. Na hora de colocar as mãos à obra, a cobra
fuma.
Como os comerciários, a maioria vivia de
comissões, ninguém queria sair das portas das lojas para pegar as assinaturas.
Aí, assumi esta parte, e junto com mais uma
colega, a Graça, e mais uns dois amigos da Maluca Calçados, fomos bater de
porta em porta.
A maior dificuldade era convencer os próprios
comerciários que se todos os lojistas fechassem as lojas, eles não deixariam de
perder as vendas e naturalmente as comissões.
Além disto, sobraria o tempo para dedicarem
aos estudos e à família.
Quando tínhamos mais de 90% das assinaturas
dos comerciários, fomos atrás dos comerciantes, que a esta altura foram
aderindo, alguns constrangidos, assinavam por pressão das esposas, que não
podiam ter nenhuma vida social, pois o marido e até elas, também, como nós, eram escravos dos
horários do comércio.
Alguns comerciantes alegavam que só
assinariam se tivesse a mesma lei em Coronel Fabriciano e Timóteo.
Aí, a coisa começou a ficar mais difícil.
Mas de qualquer forma, fomos nós para Coronel
Fabriciano e Timóteo. Como tínhamos uma certa abertura com o Jornal Diário do
Aço, acabamos por ter certa facilidade nestes dois municípios em promover
reuniões e levantar lideranças para fazerem o mesmo movimento.
Paralelo a isto, com a ajuda dos próprios
comerciantes e de algumas de suas esposas, que passavam a coletar as
assinaturas dos comerciantes mais resistentes, conseguimos ao final de mais ou
menos um ano, o tal abaixo assinado e encaminhar à Câmara Municipal de
Ipatinga.
Com tanto apoio, os Vereadores liderados pelo
Arcanjo e Marquinhos, acabaram aprovando a lei que estabelecia a Semana Inglesa
em Ipatinga.
Faltava só o Lamego sancioná-la e exigir seu
cumprimento.
Mas isto é outra história, viraria outra labuta.
Outro artigo.
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