O calendário Maia, o amor e o tempo




















Estamos aqui ao som de Queem, eu e a Jakky na cozinha ao som do Jazz.
No meu caso por opção, estava com vontade de ouvir o excelente e insubstituível Fred Mercury.
No caso da Jakky ela gosta de ficar sintonizada na rádio UEM universitária, e o que passa ela escuta. Há pouco estava ouvindo nosso amigo José Tavares, gaúcho, gaudério da gema, que tem um programa de tradições gaúchas. Bom programa e bem apresentado pelo entusiasmado Tavares, tradicionalista Tavares.
A Gabriela estava na piscina com uma amiga, a tia dela veio busca-la para o almoço e a Gabriela que adora uma companhia, lascou.
- Tia deixe eu almoçar em sua casa.
E lá está a Gabriela filando boia neste belo Domingo de sol.
A Zaya com sua cria, oito filhotes, deitada sob este calor quase escaldante.
Ao fundo consigo acompanhar meu Bicudo gorjear com rara beleza.
E no fundo de tudo isto, a vida.
Amanheci com a tarefa de acompanhar um pai enterrar seu filho de 34 anos. Vencido que foi pelo câncer. Para ele, a profecia dos Maias prevaleceu, pelo menos neste mundo.
É incalculável a dor de um pai, uma mãe, esposa e filhos enterrar seu ente querido, mesmo sendo espiritista. Mesmo em um caso, em que a morte é o melhor remédio para sufocar tamanho sofrimento por doença tão destruidora e dolorida quanto o câncer. A sensação de que não verás mais seu filho é algo assustador. Mesmo sendo espiritista, é uma conta de um lado só.
Hoje li pela manhã a noticia de que o Hugo Chaves, Presidente da Venezuela está indo para nova cirurgia em Cuba. Pelo tom de despedida parece que a nova cirurgia será apenas um consolo, o destino será mesmo um enorme ataúde. Veja que a doença não escolhe o nível e o poder da pessoa. Neste o Hugo Chaves não poderá reclamar, pelo menos a maioria das doenças são socializadas, independe da classe social.
Nós que continuamos respirando e sonhando com o amanhã, estamos flertados pela chegada do fim do mundo segundo o calendário Maia.
Mas que coisa mais intrigante, há milhares de ano, uma sociedade extremamente organizada e evoluída, previu que o mundo acabaria em 2012, precisamente entre 21 e 22 de Dezembro. A data está próxima e piremos nós, muitos acreditam na profecia dos Maias e agem como se o mundo realmente fosse acabar.
Eu, que acordei com uma infecção intestinal, fui com prazer ao sepultamento do filho de meu amigo, mas com uma enorme preocupação, imagina, naquela lonjura, bate aquela revolução na barriga e não tem onde sair correndo, e o pior, eu não poderia correr. Fiquei o tempo todo passando esta pressão tremenda, mas que felizmente fui premiado pelo bom entendimento de minha barriga e acabei tendo que recorrer aos recursos sanitários apenas quando cheguei em casa.
Mas imagine que esta dor de barriga possa ser o prenuncio do fim do mundo para mim? E eu aqui tomando uma Guimarinho com limão, mel e gelo, ouvindo o Queen e aguardando o strogonofe da Jakky ficar pronto, não poder mais comer strogonofe, porque o mundo estará acabado?
E meus dois meninos maluquinhos que estão em Matinhos, universitários da Federal e moradores daquele belo litoral, imagine que minha infecção intestinal que possa ser o prenuncio do meu fim do mundo e eu não poder mais vê-los, abraça-los e dizer que os amo muito.
Imagine que não poderei dizer a eles que o Cruzeiro está arrumando o time e o 2013 será fantástico com a nossa volta para casa.
Ah! O Mineirão é nosso.
Iremos ganhar tudo e de todos.
Ou iremos ganhar todas do Atlético. Só isto estará perfeito.
Não adianta ganhar tudo e todas se não ganharmos do Atlético.
Mas e se os Maias estiverem errados e minha dor de barriga não for meu fim de mundo.
Se os Maias estiverem errados e nós tivermos que ficarmos ainda alguns dias mais, alguns meses mais, alguns anos mais, algumas décadas mais?
Ah. Neste caso quero voltar a discutir e falar de política. Ajudar a derrotar o PT em todas as instâncias.
Poderei torcer para o Cruzeiro, beijar meus filhos, criar meus netos e amar minha amada no canto que nos cabe.
E poderei pelo estado de nervo que o calor e ou os calores das necessidades que a vida nos esfrega, ter ainda inúmeras dores de barriga.
Ah. O almoço?
Bom, a Jakky agora está criando a mania de mulher velha.
Termina de fazer o almoço e não espera nem um minuto para almoçar. Já faz seu prato e vai comendo.
O mulher velha é algo forte, mas talvez seja cansada, esgotada ou fome mesmo.
Mas..a vida é mais bela com mais paciência e consciência do amor da proximidade.
A vida com o calendário Maia tem fim, nossos amores não podem ter fim.

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