Tratamento VIP
Pelas necessidades naturais, de quem precisa andar de ônibus, novamente o fiz.
Como acabamos de sair de uma campanha eleitoral para Prefeito, com pouca discussão dos problemas enfrentados pelos cidadãos maringaenses, este, o da passagem, até que teve uma atenção especial.
Entre os pontos tratados deste tema, está o dos preços praticados da passagem de ônibus.
Para quem compra um cartão com antecedência, para quem paga direto ao motorista (aqui não tem cobrador nos ônibus) e para quem pega o ônibus no terminal rodoviário, sujeitando-se aos cambistas.
No primeiro trecho, de casa até o centro, tive a experiência de pagar ao motorista, do trecho centro até Sarandi, tive a experiência de ser atendido pelo cambista.
Tratamento VIP.
Solicitei a informação ao fiscal, qual ônibus, e o horário que o mesmo passaria.
Solicito, me deu as informações.
Perguntei sobre os preços.
Mais uma vez as passou com detalhes.
Aí se ofereceu a me arrumar o passe.
Em seguida aparece um rapaz com um colete e me oferece o passe.
Os preços, pela ordem, seriam com o cartão R$1, 90, com o cambista R$2,00 e com o motorista R$2,05.
Pago os R$2,00 e ele pede para aguardar o ônibus (linha Jardim Esperança), que chegará a dez minutos.
Pontualidade britânica, chega o ônibus verde (Sarandi é verde, Maringá é uma mistura de verde com amarelo e azul) o meu agente, veja que chique, sobe no ônibus e com o cartão cheio de passes, vai passando, um dois, vários passageiros, até chegar a minha vez.
Aí, empurro a roleta e não estava destravada.
O agente de passes circulares da TCCC, ou melhor, o cambista de passes que de forma ilegal, fica ali ganhando os trocos, com conivência da empresa responsável pelo monopólio, autorizada pela Câmara de vereadores, assinado pelo Prefeito e daqui uns dias, com a profissão reconhecida pelo Ministério Público do Trabalho, e que terá as contas aprovadas pelo Tribunal de contas do Estado, havia descido e pensado que tinha liberado minha passagem.
Com mil desculpas, retorna ao interior do ônibus e libera a minha passagem.
A ilegalidade dos atos, não importa. O que significa um cambista nesta pirâmide?
Ele é apenas um dos que sustentam a pirâmide.
Ilegalidade e imoralidade absoluta, pela ordem sería, existência do Tribunal de Contas, monopólio do transporte coletivo outorgado pela câmara de vereadores sem audiências públicas, assinatura pelo prefeito da concessão e da autorização permitindo cobrança em três faixas de valores o preço de uma passagem de ônibus coletivo.
Encontro um assento vazio, abro o livro do Cristóvão Tezza – O filho eterno, e me introduzo dentro desta história, dura, de um relato de uma realidade, contada com muita franqueza, com muita frieza, de um pai que tem um filho com a síndrome de DOWN.
Carlos Cotta
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