CPMF - Parece que foi ontem
Revista Isto é - 12/06/1.996
Na quarta-feira 5, Adib Jatene ouviu de um muito pouco convicto presidente da Câmara, Luis Eduardo Magalhães, que a pretendida CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o imposto sobre cheques que levantaria o seu orçamento em cerca de R$ 8 bilhões, deve ser apreciada depois de votadas as reformas da Previdência, mas sem nenhuma garantia de que será aprovada.
Aliás, nem no próprio governo do qual faz parte Jatene consegue consenso. O novo ministro do Planejamento, Antônio Kandir, que assumiu o lugar de José Serra na terça-feira 4, avisou logo que era contra a CPMF. Em pleno dia de Corpus Christi ele foi chamado ao Palácio da Alvorada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para explicar pessoalmente as razões. E foi bastante claro: "O problema não é injetar mais recursos no sistema. É o sistema que está errado." Jatene sentiu o golpe. Reagiu dizendo que se o governo não apoiasse a CPMF ele se sentiria na obrigação de colocar o cargo à disposição. "Sem mais recursos, não tenho o que fazer." Esta tática do "não brinco mais", que o próprio Jatene já usou por duas vezes apenas no governo Fernando Henrique, desta vez não colou. Na sexta-feira 7, o Planalto fez chegar aos ouvidos do ministro a informação de que se ele apresentasse a sua demissão, o presidente a aceitaria.
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