TCU decide investigar venda de refinarias à Bolívia


Josias de Souza - Folha de São Paulo


O TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu há pouco abrir uma auditoria para apurar a venda de duas refinarias da Petrobras para a Bolívia. Encaminhada pelo ministro Augusto Nardes, a proposta foi aprovada pela unanimidade dos integrantes do plenário do tribunal.
Conforme noticiado aqui no blog, na madrugada desta quarta-feira (16), a intenção do TCU é a de apurar a suspeita de que Petrobras tenha amargado prejuízos na transação. Na opinião de Augusto Nardes, o negócio foi fechado sob “pressão”. Acha que a estatal brasileira negociou com “a faca no pescoço”.
"A pressão aconteceu. Em determinado momento, o Brasil poderia ter colocado sua visão, que tem sido muito aberta, de forma mais clara. Isso poderia ter sido evitado se houvesse antecipação por parte dos negociadores brasileiros, evitando que essa faca no pescoço fosse colocada”, afirmou o ministro.
O TCU irá agora constituir uma equipe de auditores para perscrutar os números da Petrobras. O prazo da auditoria é de dois meses. Nesse período, Nardes pretende encontrar-se com o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) e com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabriellli.
A decisão do TCU foi inspirada por um pedido do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF). Em ofício protocolado no tribunal na semana passada, Carvalho levanta a suspeita de que os US$ 112 milhões que a Bolívia se dispôs a pagar pelas refinarias da Petrobras não constituam um preço justo.O deputado anota em seu ofício que as duas instalações foram adquiridas em 1999, sob Fernando Henrique Cardoso, por US$ 104 milhões. Lembra que, depois, a Petrobras investiu US$ 30 milhões nas refinarias. De resto, faz menção a estimativas feitas por analistas de mercado, segundo as quais o negócio deveria ter sido fechado por, pelo menos, US$ 182 milhões –US$ 70 milhões a mais do que o valor final do negócio fechado pela Petrobras com a administração do presidente Evo Morales.

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