Agora eu era herói e meu cavalo só falava inglês




MUITO HERÓI E POUCO VILÃO HERÓI

Até poucos anos atrás, a palavra -Herói-, independente do que consta no dicionário, significava uma correta e séria distinção concedida pela sociedade àqueles que arriscam a vida, com atos destemidos e corajosos, para tentar salvar uma ou mais pessoas.

RÓTULO

No entanto, de uns tempos para cá o conceito de herói foi ficando muito banalizado, e muita gente, sem grande mérito, passou a ser chamado de herói. Não porque os assim distinguidos queiram, mas porque certos, porém, influentes formadores de opinião, passaram a rotulá-los como tal.

CONFUSÃO

A TV Globo, salvo engano de tempo, através do indigesto Malão Bueno, foi a primeira emissora a confundir ídolo com herói. A partir daí, goleiros que defendem pênaltis viraram heróis, assim como os atacantes que marcam gols no último minuto da partida. Como sempre, numa sociedade de baixíssimo discernimento, o povo se convenceu de que herói é isto.

MALA DO ANO

Para não ficar só no exemplo do futebol, um outro programa da mesma emissora vem se identificando pela distinção de seus heróis. Através do apresentador do Big Brother, Pedro Bial, que está concorrendo como o Mala do Ano, a lista dos heróis da Globo está aumentando pela ridícula consideração de que os participantes do jogo merecem o título.

HERÓIS DE LULA

O presidente Lula, já se mostrando influenciado pela Globo, não perdeu tempo: colocou na lista de heróis os ministros de seu governo. E ontem, para agradar de forma que mais parecia irônica, afirmou aos brados que os usineiros de cana de açúcar são merecedores da distinção. O curioso é que, quando Lula quer mostrar que está convencido, ele grita. Como se o nosso problema fosse de surdez e não de desconfiança.

O ATO EM SI

O salário ou rendimento daquele que recebe o título de herói não significa coisa alguma. É o ato em si, a coragem. O curioso, porém, é que os heróis consagrados, tanto pela Globo quanto por Lula, não ganham tão pouco. Desde jogadores de futebol da seleção ou clubes famosos até ministros de Estado e empresários.

LISTA POLUÍDA

Sugiro, enfim, que todos aqueles que praticarem algum ato digno que possa ser considerado heróico, por favor não aceitem o título. De tão banalizado que ficou o troféu, aquilo que já foi uma distinção já virou artigo de lista muito poluída. E já não merece crédito ou respeito quem o detém. Tem muito vilão vestido de herói por aqui.

Gilberto Simões, de Porto Alegre

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