Tio Manoel e Tio Niquim
Ao iniciarmos nossa peregrinação terrena, trazemos uma carga de informações e relacionamentos que vamos descobrindo e fazendo despertar dentro de nós durante nossa estadia por aqui.
Assim acreditamos, nós os espíritas, através da boa nova traduzida por Kardec e anunciada no inicio da era cristã por Cristo.
Muitas vezes nos deparamos com situações que, ao refletir em centésimos de segundo, mas, eu já vivi isto, ou ao absorver alguma informação nova, temos a sensação de que já sabíamos sobre isto.
Quantas vezes passamos por alguém que nunca havíamos encontrado aqui na terra, e ficamos com aquela sensação boa de quem já conhecia ou era amigo daquela pessoa.
Nasci na Fazenda Boa Esperança, Sem Peixe, minha adorada Minas Gerais, casa do meu querido avô materno, vô Dedé e da nossa maravilhosa vózinha.
Minha mãe teve nove irmãos, cada um e uma mais querido e querida que o outro, naturalmente que tem que ter um meio urtigão, o nosso é o tio Joaquim, mas, fora suas rabugices, é pau para qualquer obra.
Família grande, naturalmente que alguns tinham que bater perna para fora do lar em busca de suas realizações, seus sonhos.
O Tio Manoel, atracou seu barco em Colorado, apesar do único rio que nasce dentro do município estar totalmente poluído e não suportar nem um barquinho de papel.
Tio Manoel chegou em Colorado por volta de 1968, época áurea da ditadura, e como mineiro bom só existe se gostar de política, político ele era por onde passava.
Acredito que ele tenha ido parar por aquelas bandas por escapadas dos militares, que à época não gostavam de oposição. Até certo ponto relativa, pela desnudez dos que foram presos naquele tempo.
Mais tarde o Tio Zezé foi juntar-se a ele nas terras sagradas colorada.
O Tio Manoel, construiu uma história linda e de enorme respeito em Colorado, não existe uma única voz de quem o conhece que não tenha saudades e elogios à esta grande figura.
Eleito vereador em 1982 pelo MDB, teve atuação destacada, respeito e prestígio na Câmara. Época em que adversários se respeitavam pelas qualidades mútuas, longe desta balbúrdia e pocilgas que viraram as casas de Leis municipais.
Procurei refúgio sob as asas do Tio Manoel em meados de 1983, onde me acolheu e me fez de uma perspectiva menor a visualizar um mundo com perspectivas diferentes.
Fui trabalhado pelo Tio Manoel pelos seus exemplos e pelas suas infinitas qualidades.
Casou-se e com a Tia Lúcia e construiu sua prole.
Pelas suas qualidades Tio Manoel deixou de ser vereador, e foi cuidar apenas de sua vida e família.
Mudou-se de Colorado e aportou-se em Paracatu, onde virou avô e é a profissão que hoje exerce.
Ainda no plano espiritual antes de reencanar-me, certamente estava programado que eu teria dois pais, e dentro do mesmo seio familiar.
O meu segundo pai, que é pai da Mariane e da Luciane, certamente teve vontade de puxar-me as orelhas, ou dar umas cabresteadas nas pernas, mas nunca o fez.
Dentro de sua postura de Lorde, sempre foi um primor da conversa e da busca em afagar com muito carinho.
De belo sorriso e boas gargalhadas, meu segundo pai, é um ídolo que pude conviver, abraçar, admirar, tê-lo em meu coração e o terei em minhas orações eternamente.
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