Tio Luiz















Como flor que floresce no pântano, de várias cores e fragrâncias, o amor, princípio da vida, base da família, meu amor pelo tio, pai, irmão Luiz Barcelos, é coisa de muitas vidas.
Se tem uma coisa que Vozinha e Vozinho souberam fazer e criar, foram suas filhas e filhos, não existe um de seus dez filhos, que não tenham sido ou sejam extremamente especiais.
Falar de cada um é folhear as páginas de um belo livro de fábulas, como cada personagem tem uma fábula, a cada momento desnudaremos estes atores.
Meu personagem e ator é o nosso querido e amado tio Luiz, na realidade não sei se é tio, acho que pai, pelo menos em determinados momentos em uma Sem Peixe, ainda como palco de nossos sonhos, mas na realidade nem tio, nem pai, é um verdadeiro  irmão.
Se pai foi, em momentos de ausência paterna e presença profunda do Vozinho, tio Antonio e do grande Tidola. Ações de irmão, fanfarrices e trambiques de irmão.
Tirador de leite de vacas com bezerros velhos, amansador de cavalo bravo como brinquinho, pegador de leitoas ligeiras para o Vozinho capar, buscador de fubá no moinho, e orientador de iniciação sexual dos sobrinhos.
Fumador de cigarro de palha escondido, no paiol, no moinho, e carregador de lavagem nas costas para tratar de porco e vendedor de touro vermelho cabeçudo e de duas cabeças, de sabugo para os sobrinhos.
Tidola tinha suas malandragens, mesmo que doloridas, como dar rasteira nos sobrinhos para cair nas merdas de vaca, guerrear com mamona verde, e outras menos doloridas, como chamar para tomar banho no córrego e rebojo do moinho.
Menino namorador este tio Luiz, conseguiu namorar uma única mulher na vida, enrolou o seu João e por nove anos enrolou a paciente e esperançosa tia Lia, pensávamos que iria jubilar no namoro.
Fui seu primeiro cliente de inúmeros almoços e jantares no Bela Vista, deliciava-me com a maravilhosa prosa e carinho, segurava vela dos recém casados por um enorme período.
Seu amor e carinho sempre confundiu-nos entre o limiar do querido e amado, se é que existe alguma diferença.
Tio predileto da sobrinhada, sua proximidade com todos e com os mesmos gostos, teve que torcer para o Atlético, como solidário aos menos favorecidos, para conformar seu sobrinho, que de pouca presta, nascera em primeiro de Abril.
Tio Luiz se confunde com o amor de sua vida, tia Lia, mas se o tempo tem seu próprio tempo, a donzela e bela esposa terá ao seu tempo, o tempo de todos nós.
Atleticano de boa prosa, faz caro o ditado da bela rosa, que por sê-la, usa dos espinhos o charme de sua beleza, o tidola, por ser tão perfeito, precisaria de alguma coisa impura para contrapor à sua áurea, e por tal  desvio, nos faz os cruzeirenses seus apaixonados ter  que zoar os atleticanos, apenas zoá-los.
Em uma crônica eu disse com amor profundo, que se ao reencarnar-me, Deus nosso pai, me der o privilégio de escolher onde e com quem nascer, afirmei, que em Sem  Peixe e no mesmo seio familiar, e neste o Carolina jamais poderia deixar de estar.

Que os anjos e arcanjos, possam permanentemente carregar em suas asas, o atleticano, devoto de São Sebastião, meu tio, pai, amigo e irmão Tio Luiz.

Comentários

Jakky disse…
Que lindo este amor e que bela crônica de aniversário o tio Luiz recebeu! Amado meu, você é demais em seus textos! Perfeito!

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