Caminhando com a sorte
Caminhar na praia, é uma das poucas maravilhas
do mundo, sociável.
Caminhar na praia a qualquer horário e
tempo, é coisa para poucos.
Caminhar na praia procurando relaxar e encontrar o
ponto de equilíbrio, é um privilégio.
Quem mora na praia tem alguns e privilegiados
privilégios.
Há os que desfrutam diariamente deste
privilégio.
Há os que aproveitam, mas esporadicamente.
Há os que na praia, não pisam.
Como morador novo e sempre amante das
nuances do mar, aproveito.
E uma das coisas que faço é caminhar na
areia, bem na orla da onda.
Não pela idade, mas, por limitações
ortopédicas, de um ex péssimo jogador de futebol.
Como a maioria dos praticantes do
esporte mais popular no Brasil, tenho uma herança nos dois joelhos.
Por tal, obrigo-me a caminhar sobre as águas.
Não como cristo, jamais ousaria, mas
pela maciez de fazê-lo na orla da onda.
Neste espaço, a areia fica macia e firme
ao mesmo tempo, ai o impacto do peso sobre o joelho é amortecido.
Coisa de mineiro, que mesmo não tendo
mar em sua amada terra natal, sabe usufruir das belezas do mar e seu entorno.
Dizem que existem paulistas,
cariocas, paranaenses, gaúchos e baianos sábios.
Com os mineiros é diferente, existem mineiros.
Nas minhas caminhadas pela praia ando, e
olhando em volta tento encontrar algum tesouro escondido.
Na minha caminhada matinal na orla da
onda no domingo dia 15, consegui pisar em um relógio da marca Lacoste.
Interessante, que pisei e senti a
fisgada na sola do pé.
E na orla de nossos pés, temos pontos
que estimulam todos os órgãos de nosso corpo.
Vai do coração aos estímulos sexuais.
Quem, ao fazer uma deliciosa massagem
nos pés da amada, não faz evoluir para um delicioso momento de amor?
Neste caso, sofri uma fisgada, e ao ver
o que era, este relógio Lacoste.
Interessante que tudo que aparece na
areia da praia trazido pelas ondas do mar e suas marés, são objetos que já
pertenceu a alguém.
Outro ponto interessante, como saber a
procedência tanto de titularidade, quanto de local ou qual fator fez com que,
aquele objeto especificamente, foi parar no mar.
Todos os rios correm e escoam em direção
ao mar, não importa o seu tamanho e ou importância.
Pode ser uma simples perda na beira da
praia, como pode ser coisas maiores, Tsunamis, Furacões, Tufões, desastres
aéreos, naufrágios, ou simples brincadeiras a bordo de um iate particular, ou
de um cruzeiro.
Neste caso, este Lacoste está
enferrujado, dando a entender, que por ser de aço, deve estar a um bom tempo no
mar.
E outro detalhe, parou exatamente às
9:00 horas, que pode ser tanto da manhã, quanto da noite.
Será que parou quando afundou, ou parou
após um tempo?
Será que era de alguém muito rico, ou
apenas um pescador?
De qual língua, nação ou cor era o dono
deste relógio?
Será que a pessoa que o possuía estava
com saúde, ou tinha alguma doença, AIDS, Lepra, ou apenas pressão alta?
Será que era vegetariano, ou um Foroni
da gema?
Será que torcia para o meu glorioso
Cruzeiro, ou para qualquer outro timezinho do planeta, tipo Atlético mineiro?
Bom, como não sou de jogar conversa
fora, sou apenas alguém que gosta de juntar as palavras do pensamento e ordená-las em um pedaço de papel, tela de computador, uma varinha ou com o dedo na areia, ou tábua com pedaço de carvão, preciso trabalhar.
Ah. Se alguém perdeu um relógio Lacoste,
pode me procurar.
Terei o maior prazer em devolvê-lo, é só apresentar a nota fiscal de compra e o B.O da perda.
Não me pertence.
Agora tenho algo mais valioso do que o relógio
da Lacoste.
Este artigo.
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