A festa junina da dona Matildes
Carlinhos e a Noiva.. |
Lalau, Pepedo, Carlinhos e a noiva. |
Lalau... |
Deia, irmã da Noiva |
Dedeco, irmão do Noivo |
Lembro-me com maravilhosa saudade de um casamento caipira na Escola Estadual Maria Antonieta, na Rua Dália, Bom Jardim (acho, se estiver errado, minha irmã Titita me corrige), no berço de Ipatinga. A Escola tinha como Diretora (não sei se a mãe era diretora ou secretaria da Escola, Dinhaaa), uma certa Matildes.
Como
tudo em toda sua vida era vivido e feito com muita intensidade, gerenciar a
Escola, era para ela, tão ou mais importante do que a própria família.
Dedicação e amor extremo.
Ela
havia me falado que precisava fazer um casamento caipira e que eu, não sei por
que, tinha a cara do noivo que ela sonhava.
Assumi
o compromisso com ela de que seria o seu noivo.
Trato
feito e arrumei bicho para coçar.
Como
naquela época, acredito que tenha sido em 1979 ou 1980, eu tinha uma vida
intensa, levantava cedo, ia para o trabalho e voltava só depois da escola,
então era, sair às 7:30 e voltar para casa lá pelas 11 e meia da noite, isto
quando não passava na casa da tia Lia e do tio Luiz, para comer uns torresmos e
tomar uma guimarinho, na casa da Dinha e comer uns pudins e ou passar na casa
da Cida e comer uma macarronada, do meu patinho Divino.
A
dona Matildes, marcou os ensaios da quadrilha (naquela época não existia o PT),
era Junina mesmo, e eu nunca apareci, chegava em casa e ouvia a mesma ladainha.
-
Carlinhos, mais uma vez ensaiamos a quadrilha e você não apareceu. Você vai
ver, se me der os canos e me fazer passar vergonha, você vai ver que vou fazer
com você.
Morávamos
na Avª das Flores, 914. Templo das bondades e aprendizados nos pontos de
encontros do Geraldo Cota e sua trupe, do Zé Pedro e sua trupe e eu sem a minha
trupe, minha turma era muito mesclada, a maioria de fora do Bom Jardim.
Chegando
o dia da festa junina e nada de ensaiar e a dona Matildes, com nervos mais do
que à flor da pele.
Não
tenho certeza se o Lalau e o Zé Pedro moravam em Ipatinga ou se estavam em Belo
Horizonte.
Só
sei que chegou o dia da tão esperada festa junina da Escola da dona Matildes.
Ela
desesperada por que não havíamos ensaiado o casamento caipira.
Ai
falei para ela.
-
Mãe, arrume uma noiva bem bonita que eu dou conta do resto.
-
Mas como Carlinhos, você não ensaiou nenhuma vez, vai me fazer passar vergonha.
Só
sei que ela arrumou a noiva, coisa mais linda do mundo.
Lalau
e Pepedo estavam em casa (por isto minha dúvida, se o Pepedo estava em Belo
Horizonte treinando no América e o Lalau em Belo Horizonte, ou se estavam os
dois morando em Ipatinga), combinei com eles.
-
Lalau, como você foi seminarista, será o Padre e o Pepedo vai ser o Pai da
noiva.
Não
sei quem providenciou, mas sei que deram a ideia de uma carroça. E quando me
falaram que teria a carroça, e seria para andar só uma quadra na carroça.
Dei
a ideia.
Não!
Não!
-
Mãe mande a carroça vir pegar a gente em casa ( morávamos a 1 km da Escola,
mais ou menos).
Ela
ficou maluca.
-
Você está doido, vai subir a avenida de carroça?
-
Isto mesmo.
Arrumaram
a batina para o Lalau, arrumamos um par de óculos para ele e deixamos ele enxergando
só em uma lente, a outra tinha um tapume, e colocamos uma bíblia nas mãos dele.
A
mãe chorava de rir.
Fizemos
barbicha no Pepedo e arrumamos uma espingarda para ele.
E
eu o noivo, não sabia quem era a noiva.
Coisa
mais linda do mundo.
Quando
subimos naquela carroça, o Lalau, o Pepedo, a Noiva (coisa mais linda do mundo)
e eu, Bom Jardim se encontrou em nossas palhaçadas.
Eu
pulava daquela carroça e fugia.
O
Pepedo, pai da noiva vinha e me pegava e levava de volta para a carroça.
E
esta distância que seria percorrida na carroça em uns 10 minutos, demorou mais
de uma hora.
A
molecada, as professoras, fizeram aquela procissão e se esborrachavam de rir.
A
dona Matildes não se cabia. Era um sonho para ela.
Fomos,
eu, o Lalau, o Pepedo e a noiva mais linda do mundo protagonistas de um dos
momentos mais mágicos e de satisfação da dona Matildes.
O
Lalau, que hoje fez 56 anos, foi um padre inverso de sua personalidade e
divinamente engraçado.
Eu,
beijava minha linda noiva de todas as formas que as micagens permitiam e dava
um trabalho fenomenal ao Pepedo.
A
plateia, alunos, pais, professores e moradores do Bom Jardim passaram umas duas
horas da mais perfeita diversão, com tanta palhaçada.
Não
fizemos um ensaio.
Só
combinamos o seguinte.
Nada.
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Estas coisas fazem parte de todos nós que tivemos infância e adolescência com qualidade, diferente dos eletrônicos que invadem nossas casa nos dias de hoje.
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