Mar, berço da democrática praia


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Se existe um lugar onde o espaço é totalmente democrático, este lugar é o mar.
Suas areias banhadas pelas belas e frequentes ondas são pisadas por todos os pés, independente de seus formatos, tipos, cor, religião, ideologia, clube de futebol, com chulé ou não, as pegadas deixadas na areia, moldando o seu pisar, são aceitas pela areia e pelo mar, de pessoas pobres, classe de qualquer estirpe, até mesmo ricos e ou muito ricos.
É, até mesmo ricos, porque ricos não tem estirpe.
Até o momento do pé na areia você tem classe social.
Ao pisar na areia democraticamente ela une o que Deus não separou.
Ao frequentar uma praia, a mesma praia, você passa a pensar que entende do mar e de suas nuances.
Pura pensar.
Todos os dias, como as próprias ondas, que nunca tem a mesma forma, ou como as nuvens, companheira das ondas e das marés, a gente depara com a areia do mar em formato diferente.
As pessoas, os amores, as corridas, as bolas de diferentes calibres, os biquines de infinitas cores, os shorts de tamanhos bisonhos e as sungas que colocam o homem dentro de um tubo e o ensaiam a pinguim fazem parte da paisagem maravilhosa da praia.
O sol que nasce e se põe de forma majestosa.
A lua que nasce e provoca suspiros aos amados, amadas e pretendentes, iluminam as fogueiras do luau e aveludam as vozes de belas canções e anestesiam os dedos de tanto dedilhar as cordas mágicas dos violões.
A areia que é a base da praia, faz da praia sua tela de pintura e transformar-se em palco de encontros e desencontros, amores para a eternidade e amores para qualquer idade.
A praia não consegue dominar a areia e seus formatos infinitos mudados a cada minuto, pelas centenas de ondas que levam e trazem os grãos de areia, é palco de inúmeras manifestações e ponto de encontro eterno.
O mar que abriga seus Deuses e Deusas, recebe de braços abertos as oferendas que os crédulos lhe homenageiam.
Mar, berço da vida na terra, fonte de inspiração aos românticos, poetas, seresteiros, músicos de todas as correntes.
Mar, depósito de riquezas imensuráveis, próprias e saqueadas.
Mar, espaço democrático de tráfego comum de riquezas, paz e guerras.
Mar, hospitaleiro e anfitrião temido, por não controlar o vento, não pode tratar a todos que o adentram de forma única.
O vento que ao encontrar um inimigo mar adentro, procura de forma raivosa jogá-lo ao fundo do mar.
A praia, porta de entrada do mar tapete permanente de amantes, amados, deusas e príncipes do coração humano.
De Poseidon a Iemanjá, o mar alimenta e mantém os terrenos sob seus domínios, seu controle.
Da chuva que é a seiva da vida, à seca que é o castigo supremo, o mar é sua fonte única.
De Netuno, Poseidon e Iemanjá, o amor, os sonhos e a vida se alimentam do mar.

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