O mundo vive em circulo











Há dois anos resolvi voltar a estudar. Fiz o vestibular na PUC Maringá para Direito e tive a felicidade em passar e fiquei em segundo lugar.
Iniciei os estudos com o entusiasmo maior do que a maioria que ali estavam. O que seria uma coisa natural.
Pai de família, a qual depende de meu trabalho para ser sustentada e tendo que voltar aos bancos para terminar algo que já iniciei por três vezes e fui forçado a parar.
Estava ali por opção e tentando realizar um sonho.
Sala bem heterogênea considerando a faixa etária, mas muita homogênea em várias outras situações.
Por várias oportunidades nos três semestres que tive o prazer de compartilhar os mesmos bancos com aquela turma, tive a oportunidade de manifestar-me tanto em relação ao momento que aquelas leis constitucionais foram feitas pelo congresso constituinte em 1987 a 1988, bem como expressar a minha preocupação com alto nível de despolitização da turma.
Esta despolitização feita ao longo de miseráveis 25 anos.
Lamentavelmente a geração pós constituinte/87, foi uma geração perdida no seio dos descompromissos da sociedade brasileira com as bandeiras levantadas pelas gerações anteriores.
O legado da Constituição cidadã, honrosamente defendida e definida pelo Dr Ulisses Guimarães, foi cravar um Estado Presidencialista, dentro de uma Constituição moldada como Parlamentarista. Deste conflito, nasce o caos político que hoje vivemos.
Os poderes executivos vivem na miséria de chapéu nas mãos com um Congresso Nacional, Assemléas Legislativas e Câmara de Vereadores cheio de poderes e nenhuma responsabilidade executiva.
Feito isto, embalado pelos desmandos Sarneyzistas e Colloridos, tanto administrativamente como no foco de direcionamento em qual caminho a sociedade, que como manada, deveria seguir, os nossos sonhos viraram pesadelos.
O Congresso Nacional, antes respeitado e em sua maioria com suas cadeiras preenchidas por pessoas de bem, ideologicamente bem posicionados, independente se eram de direita ou de esquerda, passou a ser ocupado e comandado por malandros e bandidos, em sua maioria.
Dos políticos eleitos pelos belos discursos e das defesas de bandeiras ideológicas, passaram a serem substituídos por radialistas, médicos, advogados, empresários, fazendeiros e sindicalistas, em sua maioria corruptos, demagogos, e eleitos pelo peso de ouro.
Enquanto os seios sagrados das mães brasileiras, geravam jovens que aprendiam desde o berço a famosa frase do ex jogador da seleção brasileira Gerson “Eu levo vantagem em tudo. Leve você também”, alusão à propaganda do cigarro LS protagonizado por ele.
A bandalheira e roubalheira se arraigava no cerne do poder.
As campanhas políticas, antes disputadas e discutidas nas mesas dos bares, nos bancos escolares, nos palanques, nas portas das fábricas e dos sindicatos, passou a ser embrulhada, nos microfones inconsequentes, demagogos e mais tarde corruptos. Passou a ser embrulhada nos consultórios médicos, e contas recheadas de dólares. Passou a ser embrulhada nos escritórios de advocacias e contas recheadas de malandragens e dólares corporativos.
O sangue derramado por brasileiros em defesa da democracia.
O sangue derramado por brasileiros em defesa da construção de uma nova Constituição e na realização dos sonhos de décadas de seu povo, estava em vão sendo corroída pela geração Coca Cola.
Nos bancos escolares formavam-se jovens alienados e preocupados em levar vantagem em tudo.
À frente destes alunos passaram a serem referências, professores que inventavam pegadinhas e malandragens para que o sucesso chegasse mais cedo.
Estes profissionais da geração Coca Cola, preocupados apenas em seus sucessos individuais, medíocres e individualistas passaram a votar e eleger os políticos sem nenhum compromisso e por diversão pura.
Juntando tudo isto, temos hoje a classe política mais desqualificada de toda história democrática deste país.
Juntando tudo isto, temos um povo explorado, esfoliado e enganado em cada ato praticado pelos políticos que por diversão foram eleitos.
Juntando tudo isto, temos em cada obra pública, em cada compra de produtos para atender as necessidades básicas da população, preços exorbitantes, malandramente majorados.
Juntando tudo isto, temos políticos que antes apenas manuseava ferramentas e viviam de cestas básicas, transformarem-se como que em passe de mágica em fazendeiros, empresários da educação, dos frangos, dos porcos, das empreiteiras, das casas, dos asfaltos, dos esgotos, das pontes sem rios, das bolsas, das sacolas e das cuecas endolaradas.
E como o mundo, a vida gira em circulo.
Parece que o gigante acordou e seus anões começam a caminhar.
Vejamos o que os espertos, malandros e larápios do dinheiro público irão sugerir para que esta grande massa que antes se sujeitava a manobras se comportem, ou se conseguirão apontar-lhes alguma direção.
Caetano Veloso, com toda sua maravilhosa poesia, sugeria o seguinte.



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