Responsabilidade. Pobre homem
A miséria da vida quando pautada pela busca da responsabilidade da morte, mostra a todos o quanto a responsabilidade é algo que passa ao largo da maioria dos seres.
Entregues à sorte e ao inesperado somos todos vítimas da
falta da sustentação da palavra responsabilidade. Em todos os momentos de
mazelas e de enormes catástrofes para a humanidade ou simplesmente ao homem,
existe a ausência da responsabilidade.
Quando tratamos de catástrofes podemos referirmo-nos às intempéries
da natureza, ou da natureza das catastróficas intervenções do homem, em sua
maioria esteve ausente a responsabilidade.
Quando tratamos das tragédias humanas também em sua
maioria esteve presente a ausência da responsabilidade.
O Brasil por obras de grandes brasileiros, tem conseguido
ao longo dos tempos eliminar vários leques de ações em que a ausência da responsabilização
dos atos provocavam a impunidade, que é o alimento da ausência da
responsabilidade. Em praticamente todas as áreas de ação da sociedade os
brasileiros tem uma regra ou lei imposta para que o certo seja praticado, ou
pelo menos respeitado.
Primórdios da vida em sociedade, a presença da
responsabilidade pode fazer com que o homem se aglomerasse e fosse aos poucos moldando-se
às necessidades alheias e compartilhando-as, mesmo que não fosse esta de sua
concordância, aceitação ou entendimento.
Daí surge a Lei e o Direito.
O homem em seu conceito básico é um animal racional e
extremamente moldável. Fosse este modelamento direcionado apenas para o lado
direito, correto e construtivo, teríamos uma sociedade com menos conflitos e
mais respeito à vida, ao ser humano, ao semelhante.
Princípio básico da lei divina “amai ao próximo como a si
mesmo”, parece ser o mais difícil ao homem cumprir e seguir, parece ser a carga
mais pesada aos filhos do criador.
Na ausência do respeito a este princípio básico de sua
lei, consegue a humanidade desde o seu primórdio, criar a discórdia, a inimizade,
a briga, a luta, a cobiça, a morte, a guerra, e acima de tudo, fabricar as
tragédias. O seu desprezo a este princípio, conseguiu o homem crucificar o
filho do criador, conseguiu o homem disseminar as lutas por conquistas de
territórios, conseguiu o homem criar as armas em alimento de suas cobiças, do
osso dos animais às ogivas atômicas, por um naco de terra ou por uma nação
inteira, por uma palavra mau interpretada, a um discurso efusivo, por uma
diversão barata a indução de mortes coletivas.
Porque o homem não respeita a palavra “responsabilidade”?
Porque o homem menosprezou o ensinamento divino “amai ao
próximo como a si mesmo”?
Porque o homem está procurando fazer da vida alheia um
brinquedo, ou uma luva que se manuseia de acordo com o calibre das mãos?
Porque o homem insensato ao amor, ama destruir as almas,
corações e vidas alheias?
Porque o homem que com o dom da pregação da palavra
divina, a prega em nome do poder do dinheiro e de sua riqueza?
Porque o homem que tem o dom de acolher e cuidar das
vidas dos homens, em sua maioria só a faz em interesse ao dinheiro e de sua
riqueza?
Porque o homem que tem o dom arremelhar votos e
representar seus munícipes, seu Estado ou sua nação, em sua maioria só o faz em
interesse ao dinheiro e de sua riqueza?
Porque o homem que tem o dom de ser um ator público que
pela sua suposta habilidade e competência, deveria proporcionar estudos,
debates e transformações que tragam o desenvolvimento e o bem estar de sua
sociedade, como homem público, em sua maioria só o faz em interesse ao dinheiro
e de sua riqueza?
Porque o homem que deveria trazer o conhecimento e a evolução
intelectual dos nossos filhos em sua maioria só o faz em interesses ao dinheiro
e de sua riqueza?
Porque o homem que deveria fazer da proteção aos
cidadãos, seu único motivo de orgulho e de razão de vida, negocia com as drogas
e a marginalidade para infectar e contaminar ainda mais a sociedade, através de
facilitações de praticas ilegais e corruídoras dos seios familiares, porque o
faz em interesse ao dinheiro e de sua riqueza?
Porque o homem, miserável animal que se diz racional
consegue agir com tanta irracionalidade e provocar a destruição de sua própria
espécie?
Porque o homem, miserável, corrupto, corruptor,
blasfemador, covarde, traidor, sonegador, trapaceiro, por estar em meio a esta
mescla do submundo humano atinge o auge, a glória e o estrelato.
Porque o homem só se olha no espelho à procura da beleza que
não lhe pertence ou na exibição da beleza que não lhe levará a lugar nenhum.
Pobre de nós, que envoltos a esta espécie e covardemente
passivos aos dragões, vendilhões e destruidores das sociedades de homem e
mulheres, ficamos a ver a onda ser levada pelo vento que mais forte ou mais
ameno leva a água até onde sua força propicia.
Porque os choros dos que ficaram a mercê dos miseráveis
mortos nos guetos, nas valas, nos fornos, nas torres, nas baionetas, nos
sangues dos asfaltos, nos copos das mesas dos bares, das ruas enjauladas e seus
semáforos, suas marquises, viadutos, da rua escura, na escuridão da noite, ou
na escuridão em pleno sol do meio dia, das avalanches nas encostas, das secas
fabricadas, dos leitos ausentes, dos alvarás vencidos, dos extintores vazios, das
boates sem saída de emergência, dos banheiros como símbolo de porta da vida.
Porque o homem despreza a própria espécie em detrimento
ao seu único e intransigível interesse?
Pobre homem.
Pobre ser desprezível.
Pobre.
Que as mães, pais, irmãos, amigos de todos que vitimados
pela inconsciência humana, orem e cultivem rosas para os homens.
É sua a vida que ama e que precisa preservar.
Pobre homem que um dia foi filho e teve uma bela e
encantadora progenitora.
Ame e preserve a responsabilidade.
A responsabilidade lhe será parceira fiel nos sonhos, na
luta da vida e na luta à beira morte.
A responsabilidade, prima irmã do homem.
Salve.
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