O tempo para a Gabriela é menor do que sua energia













O tempo passa, a vida acompanha e nós como se estivéssemos de campana, contemplamos. Setembro, ainda inverno, daqui a pouco primavera, que junto com ela, além das belas e maravilhosas flores derramadas ao chão nas ruas de Maringá, nos afastaremos do frio e do ar seco inverniano.
Maringá, já está florida, suas ruas pintadas pelas belos tapetes amarelos, roxos, lilás, vermelhos, rosas das flores dos Ipês, e uma infinidade e variadas espécies arboríferas.
Neste véu de imagens magníficas, podemos contemplar o bom gosto dos responsáveis pela parte de arborização da cidade, que a dividiu em blocos de espécies diferentes, proporcionando equilíbrio e muita beleza ao ambiente. Nós que na maioria de nossos tempos, ao referirmos aos nossos homens públicos e determinados funcionários públicos, o fazemos para o famoso reclame ou para a depreciação e ou reprovação de seus atos, precisamos reverenciar os responsáveis por esta área do município de Maringá.
Em meio a tamanha beleza, vai crescendo minha bela princesa, hoje, já chegando aos cinco anos de idade. Como o tempo passa.
Suas características, vão se desenhando, sua personalidade vai estruturando e uma pessoa forte vai surgindo, belezas externas vão se formatando enquanto as belezas interiores fervem como um furacão.
Passada no tempo com a partida do Felipe para a Universidade em Caiobá, perdendo-se em meio a ausência do aconchego, do carinho e do dengo do irmão, a Gabriela vai levando uma nova experiência em sua vida, adaptando-se aos trancos que aos poucos transformam-se em carinho do irmão Gabriel. Quando na presença do Felipe, este sufocava o amor do irmão, que sufocado exercia uma forma diferente de curtir a irmã. Agora os dois estão aprendendo a carinharem-se. Assim é o meio, o ecossistema força o ambiente a adaptar-se, assim é a vida humana, as circunstâncias nos forçam a adaptar-nos aos nossos e ou aos outros.
A Gab Gabriela, tem uma agressividade de quem herdou sangue italiano, uma sensibilidade artística de quem herdou sangue mineiro, com uma loucura permanente por sapatos das visitas, baton, blush, perfume, brincos, pulseiras, bolsas, é uma tremenda modista, consegue como poucos, inventar combinações não só de peças de roupas, como combiná-las em cores e modelos.
Um arco do cabelo, pode virar um cinto, uma fita para laços, pode virar lenço ou até um cinto, o pano de prato pode virar bustiê, a presença do fino gosto tão marcante na mente da minha matildinha.
Uma folha de papel em branco, só o é se a Gabriela não a alcançar, ela consegue com inúmeros lápis de cores, de qualquer de sua cor, transformar a brancura do papel em um belo desenho, uma bela paisagem, saídas de suas inúmeras imaginações, em frações de segundos.
O tempo para a Gabriela é menor do que sua energia, corre para tudo e para qualquer coisa, para os cantos, para a frente e para os lados, não quer e não pode perder nada, da flor que tem de colher para oferecer ao pai, mãe, irmão ou professora, à ligeireza de arrumar um ambiente, mesa para a refeição, sala para os brinquedos, tudo com muita flor, frutas e todos os tipos de peças decorativas ao alcance das suas pequenas e ligeiras mãos, na mais perfeita harmonia, tudo combinando.
Não há um momento do pai na cozinha que a Gabriela o deixa solitário, bisbilhoteira, interessada em aprender e extremamente solidária, ajuda na extirpação da pele do tomate, da cebola, da amassada na massa do pão e no espremer do delicioso suco de laranja que dominou a técnica, daí para receitar as receitas de sua cabeça, é um passo, tudo com muita firmeza no falar e no ensinar como fazer, o que vai sair, o sabor que terá, pouco importa, o que importa é a técnica avançada de inventar o tudo, do nada.
Arte que é arte, nascemos com ela, a arte é de berço, independente do que. A habilidade e o aprimoramento da técnica é coisa da paciência, da perseverança, do treinamento, da prática. Mas a Gabriela nasceu e desenvolveu com formosura a arte do falar, fala, e como fala, e a tagarelice é o exercício da audição, a tagarelice vem de berço e a Gabriela a bem aprendeu, bem como a arte e o gosto de cantar, como canta e cantarola, canta para suas bonecas, da mesma forma como as coloca de castigo e que a elas dá uma bela aula, canta para a Zaya, da mesma forma como compartilha tudo que estiver comendo, canta pela sala, como canta pelo quintal e no quartinho dos betovens.
Apreciadora das boas comidas, saboreia e elogia o gourmet, adora um macarrão, nem que seja puro, sem tempero, comedora de pastel na feira, desfila entre as barracas como se estivesse no quintal de casa, anda pelas alas do mercadão, como se estivesse na sua ante-sala.
Esta é a Gabriela, minha Carolina, no ambiente em que estiver, o silêncio e o sossego saem de férias, pois ela os dominam e domina o meio.
Minha Gabriela, como os dois, meu amor por inteiro.

Comentários

Felipe Foroni disse…
Fico só imaginando o que é este espírito. Na verdade já sei, mas tenho muito a relembrar. É uma baita de uma alma, impressionante. A clareza para amar, e brigar. Pra sorrir e para chorar.

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