Memórias para um tal Hélio Cotta



Participar de um grupo é como voltar ao tempo. Tempo que não volta, a exceção pela memória. Voltar ao tempo e participar de um grupo, ou ir a um grupo, ao banco de um grupo, mesmo que este seja, de São Sebastião, melhor, grupo escolar São Sebastião. Que grupo é este, que memória é esta, que nos remete há um tempo passado, vivido, amado e pela memória, perpetuado. O que seria da memória, se o tempo passado, vivido, não fosse na praça São Sebastião, com os pés no chão, short de elástico, brincadeiras inocentes, feitos galos de rinha, faca de madeira na bainha? Que memória sujeitaria a tanto tempo, se não tivesse nos corações, as Anas, Josés, as mães, mesmo que Cotas, a origem mesmo que do Nascimento, e o guaraná ainda que quente, no Bar, o Barcelos. Que grupo é este, que pode relembrar, unir, juntar, discutir, polemizar, mas pode acima de tudo, curitr e viver cada palavra, ali inseridas, com o coração disparado, feito o coco doce no pasto, ou o branquinho, a derrubar moleques avessos, travessos, com Luizes e Antonios sacanas, bacanas, que vivem como bola, pióla, piorra, olho de boi, fingida, favela, mesmo que bela, fazem parte da lista, bela como a lua, juro que vi, amei, curti, eu e outros guris, Julitas a parte, mas com sabor de quindim de queijo, mineiro, manso. Se o danúbio é caudulento, o nosso bravo, preguiçoso, os Josés, Manoels, e os anjos, Miguel e Arcanjos, Acácios e Joaquins, não importa o nível do querubin, mais santos não há, nem as Anas e Naná. De tudo isto a memória fica, o amor inunda o coração que não se pode limpar com as mãos, apenas com os olhos cerrados, o corpo esticado na cadeira de pano, mesmo sem o pau que sustenta o pano, e a bunda explodindo no chão, mas apenas de olhos fechados, suspiro profundo, sorriso nos lábios, e as lágrimas do coração, escorregam quente na face fria, entre os olhos que um dia, vibrava ao abrir e ver tudo isto recomeçar. Que memória resiste, mesmo o coração triste, lembranças Toá, quero lhes ser Franco, de Joaquins, Zés, sacundino o corpo acertando os ossos, pegando na arapuca um enorme bacurau, chama o meu cachorro que deliciosamente atende pelo nome de Totó, meio a ovos caipiras, em prato cheio de farinha torrada e com deliciosos Gilós. E o fuxico do domingo, truco solto no terreiro, gritos longos, ácidos, ricos, cheios de iá iás, pitos e Chicos, e assim a memória sorri, o sorriso lindo daqueles que puderam viver, enormes maravilhas, que a infância e adolescência feito vulcões, nos fez de pobres crianças, a nobres crianças, filhos, sobrinhos, netos e homens, mulheres, que o sangue azul consagra nas veias impenetráveis feito varinhas de raiz de bambuzal, no chão ruão. E a beleza, que princesa feito rosas, rosinhas do coração mais belo daquela que é a minha mais bela mulher, que Maria resistiria, pois ela é minha única Maria.

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