Se sonho, posso lutar por aquilo que ainda não tenho
Por que quero o espaço que não me cabe?
Tão pouco é o tempo que temos para construir espaço próprio, mesmo que apertado, este é o nosso espaço.
Procurando espaço alheio, deixo de cuidar do meu espaço.
Sonhando com o espaço alheio, deixo de curtir e valorizar o meu espaço.
Por que não me encaixo no espaço que me é ofertado?
Por ter sido me ofertado, este espaço não é ideal?
Por ter sido me ofertado este espaço não é rico em perspectivas de evolução?
Preciso cuidar do meu espaço.
Preciso construir e curtir em meu espaço.
Ele é único.
É meu.
Imagine se todos sentirem necessidade de ocupar o espaço alheio?
Imagine todos querendo ser o líder religioso?
Imagine todos querendo ser o artilheiro?
Imagine todos querendo ser o patrão?
Imagine todos querendo ser o professor, o médico?
Imagine todos querendo ser o prefeito, o presidente?
Estaríamos num lugar onde ninguém dependeria de ninguém.
Ninguém dependeria dos conhecimentos.
Ninguém dependeria da solidariedade.
Ninguém precisaria da evolução, conquistada pelo tempo.
Em nossas caminhadas temos que dar os primeiros passos, de acordo com o que objetivamos.
Precisamos carregar a vassoura e varrer o quintal, se assim necessitarmos cultivar a paciência. Mesmo que o vento esparrame novamente a sujeira, precisamos novamente varrer aquele lugar, sem tentar parar o vento. O vento, evento da natureza, é uma obra divina.
O caminho que trilhamos até aquele momento pode não ter sido de aprendizado, por isto precisamos voltar ao inicio e refazer o que já havíamos tentado fazer.
Precisamos aprender a trocar a fralda, para que possamos ter paciência com aqueles que um dia haverão de trocar a nossa, se assim for de entendimento divino.
Precisamos aprender a dar papinha a uma criança, para que tenhamos facilidade e paciência, tolerância quando formos alimentados na boca.
O que construímos com paciência, construímos por conhecimento, adquirimos o conhecimento com a paciência que tivemos. Mesmo permissivos ao serem instrumento do aprendizado, aprendemos pela prática, pela paciência.
Iniciar uma obra, construir sem preocupar com o alicerce, é o mesmo que tentar edificar um castelo de areia, apenas de areia, a areia haverá de ser.
Sem cal, cimento, água, pedra.
Procurar colher sem plantar, virar a terra, adubar, retirar as ervas daninhas, é o mesmo que tentar ouvir da criança os ensinamentos, a educação que não os ofertamos.
Procurar caminhar de acordo com a necessidade de nossa evolução, de sua evolução.
Se perceber que necessita abrir um livro para ler, folhear um jornal para olhar, é sinal que busca vida nova para o seu espírito.
Cada frase que lê no livro, cada noticia que lê em um jornal é alimento sagrado para aprendizado da alma, para evolução do espírito.
Ao ter a iniciativa, mesmo que por curiosidade, algo despertou dentro de você.
Querer o que não me pertence, só através do trabalho, da luta da conquista.
O que hoje não me pertence, amanhã poderá ser.
O conhecimento que hoje desconheço, amanhã poderei ser catedrático em sua defesa.
O amigo que hoje não tenho, amanhã poderá ser meu irmão.
Os filhos, que ontem não tinha, hoje os crio.
Quero o espaço que não me pertence, mas que me é cabido.
Quero o espaço que não me pertence, por que ainda hoje, sonho.
Sonho, ainda vivo.
Sonho, ainda existo.
Se existo, vivo, é porque sonho.
Se sonho, posso lutar por aquilo que ainda não tenho.
Paciência, amor, caridade, piedade.
Comentários