Andréia Carla, minha cara





























Andréia Carla.

Minha cara Andréia.

Lembro com ternura nove de Fevereiro de 1.973.

Estávamos brincando na sala, em nossa casa em Sem Peixe, quando, de repente, dona Ladir nos manda ir brincar em sua casa.

Coisa difícil de acreditar.

Era mais ou menos umas oito horas da noite.

Não acreditando, e temendo apanhar da dona Matildes, nossa querida mãe, entrei em seu quarto correndo e perguntei se era verdade.

Ela, em meio a profundas dores, deitada na cama, respondeu que sim.

Este horário, oito horas da noite, já era para estarmos na cama dormindo.

Não tínhamos TV e como acordávamos muito cedo, seis, sete horas da manhã, pulávamos o dia inteiro, quando chegava este horário, cama na certa, além é claro de ser o hor´rio correto para criança estar na cama.

Dona Ladi, além de comadre, o que mostrava a aproximação com nossa família, tinha dois filhos que eram nossos amigos, mesmo rivais, éramos amigos.

Geraldinho e Mauro.

Geraldinho morreu cedo, acredito com uns 18 anos, foi morto em João Monlevade, acho que ele era o afilhado da mãe e do pai.

Lembro do sofrimento da mãe e do pai em seu seputamento.

Se não estiver enganado, fui eu quem os levou ao seputamento do Geraldinho, em meu extraordinário Dodge Polara 1.978.

Bom, mas aqui, o que vale é o dia 09 de Fevereiro de 1.973.

Fomos brincar na casa da dina Ladi, eu o Zé Pedro e o Helinho.

As meninas (Cida e a Dinha) ficaram.

Mas, como o milagre quando muito fácil, o santo desconfia, alguém ficou de butuca no movimento. Acho que foi o Zé Pedro.

Só sei que ficamos pouco lá.

Por volta das nove e meia, estávamos adentrando à sala.

Me recordo muito bem, a Ana com um lençol branco, manchado de sangue, passando pela sala.

Para mim foi um tremendo susto.

Tentei entrar no quarto da mãe e não me deixaram.

A movimentação era muito grande, as comadres todas estavam num corre corre danado.

Só que ninguém conseguiu nos tirar mais da sala.

De repente, mais ou menos lá pelas dez horas da noite, saía do quarto, eu acho, a tia Julita com um pacotinho.

Toda enrolada, lá estava a Andréia Carla, nossa linda e bela irmã.

Me recordo, com exatidão, que a Dinha e a Cida tentaram pegá-la, mas a primeira pessoa a pegar a Déia no colo, foi o Geraldo de Dunga.

A sala estava toda movimentada, as moças e as rapaziadas amigos da Dinha e da Cida, estavam todos lá.

Foi uma farra muito legal.

Aí fui ao quarto ver a mãe, ela deitada, com um lençol cobrindo até a altura de seu peito, sorria como se aquela fosse a sua primeira filha.

O quarto exalava álcool misturado com naftalina, a Ana ainda juntava as coisas do quarto para lavar, fiquei por ali e descobri naquele momento, que nós não chegamos ao mundo através do bico da cegonha.

Mais ou menos uns 3 anos depois, eu havia acabado de chegar em casa (Av das Flores, 914 Bom Jardim, Ipatinga – Minas Gerais) estava tirando minha calça marrom caqui, quando ouço o portão batendo, saí correndo como que um super herói, dou um berro, Déeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeia.

Minha calça foi parar na canela, e eu dei um pulo e pegando-a pela calcinha, pude evitar uma tragédia na família.

Um carro freou na mesma linha que a segurei.

De calças na mão, demorei um bom tempo para voltar a minha bela cor morena, quase transparente.

Quando, em minhas tarde de solidão em Colorado, sempre recebia lá das Minas Gerais, cartas da Mãe, do Pai, Dedeco e claro da Déia.

Em 1.984 recebi uma carta da Déia, dentro acompanhava, o que a 25 anos carrego em minhas carteiras (acho que é por isto que vive sempre sem dinheiro) uma lembrancinha de primeira comunhão, foto angelicalmente feita ( acredito ter sido no Fotos Hélio), com os seguintes dizeres..Andreia Carla de Souza, Rodeada pelos parentes e amigos, encontra-se hoje pela primeira vez com Jesus Eucarístico.

Sempre determinada e com muita fibra, construiu um caminho próprio, sempre notada por onde passa.

Amiga e irmã extremamente zelosa, tem um jeito peculiar de ser.

Estourada e extremamente voluntariosa, não vê qualquer adversidade que a intimide.

Carinhosa e amável com os sobrinhos e primos, é sempre uma referência, da bagunça primeira, da festa primeira, da solidariedade primeira.

Temida, da mesma forma que é amada, a sobrinhada sempre a querem por perto.

Se Fevereiro é o mês do carnaval, das folias e da irreverência, é por isto que nasceu nele a Andréia.

Seu nome, ah..

Isto é coisa do seu Augusto, em 1.973 passava uma novela na rede Tupi.

Havia uma personagem com o nome Andréia, a novela era Mulheres de Areia, a atriz era a Márcia Maria.

Déia, minha bela e querida irmã, beijos no coração.

Comentários

Anônimo disse…
Carlos Alberto Cotta de Souza, cronista por um dia.
Parabéns seu Charles, pra variar fico muito boa sua cronica sobre a tia mais lindaegostosaegenteboaecompanhera de todas!
beijos
Anônimo disse…
Realmente uma linda história de vida...,ela é mesmo uma pessoa especial,suas lembranças nos faz viver este dia do nascimento da Déia...,fiquei imaginando o rosto com sorriso de usa mãe,Dona Matildes e com muitas saudades dela desceu uma lágrima de meus ohos...

Beijos,
sua Jakky
Anônimo disse…
Assim eu quase chorei...
mas tudo que o senhor disse ai é muita muita muita verdade...
Tia Déia é única.... amo muitooooooooo!

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