Felicidade, Feliz cidade, Feliz idade, Feliz si dá






















Felicidade, qual sua origem?
Onde mora, localiza, onde é sua estadia?
Estás entre os céus?
Estás entre as estrelas?
Estás entre o belo brilho da lua?
Felicidade, qual sua origem?
É uma Feliz idade?
Que idade?
A idade da concepção?
Nos corações dos pais, nos brilhos de seus olhares?
A idade do nascimento?
Na dor do parto da única e maravilhosa mãe?
Na emoção transbordante do lunático pai?
Na alegria dos primeiros passos?
Na alegria das primeiras palavras?
Na marca da primeira travessura?
Na marca das primeiras notas escolares?
Na imagem dos primeiros passos do balé?
Na imagem dos primeiros pulos de jogar maré?
Felicidade, ô felicidade, quem és tu?
És feliz idade?
A idade da metamorfose da voz, dos primeiros pentelhos?
A idade do primeiro sutiã?
Da primeira gota, que não a do suor, da porta do amor?
Ah! Felicidade, que és?
A idade do primeiro namorado.
Do primeiro beijo na mulher amada.
Do sonho do véu e grinalda.
Do diploma da maioridade.
Da primeira carteira de motorista.
Que mistério Felicidade, vens de que Império?
Do primeiro rebento?
Do fim do casamento?
Do amor que nunca foi, da vida que sonhou.
Do carro na porta.
Da rosa distante.
Do luxo na mesa.
Do abraço acanhado, do sexo apressado.
O que és? Oh Felicidade.
Uma vida que renasce.
Um sonho que precisa ser sonhado.
A vida que estás a seus pés.
Oh Felicidade.
Nunca foi e jamais poderá ser Feliz cidade.
Se és expressão de satisfação, do amor, do gozo, do sorriso, do beijo molhado.
Se és expressão do abraço apertado, mesmo que molhado.
Se és expressão do choro gostoso.
Da lágrima quente, escorrendo pelo rosto.
Do inconsolável soluço de saudades.
Se fostes feliz cidade.
Qual seria a sua moradia?
Meu sorriso que transborda de emoção?
Minhas palavras que saem tremulas pela voz embargada?
Meus abraços que sufocam quando abraçados?
Meu silêncio quando quero gritar?
Meu grito quando quero silenciar?
Meu coração que é uma enorme cidade para sua moradia?
Ou és tu, Feliz si dá?
És esta a sua origem?
Se és, que maravilha.
Feliz si dá.
Devo doar-me?
Doar-me ao amor?
Doar-me à bela rosa?
Doar-me ao delicioso abraço?
Doar-me ao beijo molhado?
Doar-me ao gozo?
Doar-me para a sua felicidade?
Doar-me aos seus braços?
Doar-me ao seu choro?
Doar-me para a sua vida.
Doar-me à sua vida, pois é a minha vida.
Doar-me ao amor que é minha vida.
Com meus rebentos.
Com meus sonhos.
Com meus sufocos.
Com meus apertos.
Doar-me com uma pitada de sal.
Doar-me com um pouco de pimenta.
Doar-me com um bom azeite.
Doar-me a um prato bem feito, com jeito.
Doar-me com um bom cálice de vinho.
Doar-me a um amoroso brinde.
Doar-me a um delicioso amor na cozinha.
Doar-me a um prato único com seu amor.
Oh! Felicidade!
Transborde sempre.
Sei que sua origem pode estar estampada nos muros da vida.
Sei que sua origem pode estar nos sonhos alheios.
Sei que sua origem possa estar nas pegadas do passado.
Sei que sua origem pode estar nas noites mau dormidas.
Sei que sua origem pode estar no beijo, no abraço, no amor sonhado.
Sei que moras aqui.
Sei que reinas aqui.
Sei que sou seu servo e a ti entrego minha alma.

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