Norival e sua folia, quase de Rei












Fazer festa e acolher amigos é coisa para poucos.
A maioria não suporta uma reunião de confraternização.
Barulho, festa, gastança, tudo isto incomoda.
Visitar amigos, freqüentar ambientes sociais, incomoda.
Uma forma, de também não ser visitado, ser incomodado.
Ao contrário, temos aqueles ou aquelas que adoram a farra, a integração a socialização.
Em sua maioria, gostam de música, tomar uns birinaites, conversar, melhor, jogar conversa fora a vontade.
O Norival Dias é um deles.
O Norival adora uma música, um chope, uma farra.
Jogar conversa fora então, é o cara. Lógico que nem todas se jogam fora, algumas a gente armazena nos bytes cerebrais.
Falar do Palmeiras, de Colorado e de política é seu hooby.
Em Colorado onde cresceu, casou, criou os filhos, Norival construiu um enorme viés de amizades.
Professor respeitado da rede Estadual, funcionário do Banco do Brasil e principalmente filho do seu Zé Dias, fez de Norival uma pessoa admirada e respeitada. O tempo de Colorado proporcionou-lhe um enorme elo de amizades, coisas que só se constrói com o tempo, pelo respeito e pelo modo de viver, ver e respeitar as pessoas.
Como o rio, que passa sobre a pedra, criando o limo que só o tempo produz, que é a parte solidária entre ambos.
Os tempos de ginásio, de Madureira, de faculdade, tudo isto abre e proporciona novos horizontes.
As farras dos bares até as madrugadas, mesas de sinucas, bifes na chapa no bar Colorado, quermesses, bailes nas águas, no salão paroquial.
Incontáveis viagens de Kombi para cursar o ensino superior, tudo construído nas pontas do dedo, entre a ideologia das audições ao seu Zé Dias e o sonho de ocupar um espaço confortável na sociedade, na formação da própria família, tudo ao custo da labuta diária.
Apreciador de conhecer o mundo, o fez e faz com freqüência, conhecendo, juntamente com a família, lugares maravilhosos e fantásticos.
Aprendeu a apreciar a boa comida e a boa bebida, amante inconteste do bom chope, não perde um convite, mesmo que estourado de febre.
Culto por formação, bem informado e extremamente exigente com o português, isto, porque não é descendente daqueles.
Norival ficou mais velho em Janeiro.
Os amigos da Receita o provocaram para uma festa.
Querido e respeitado por aqueles que o rodeia, ofereceram quase tudo para que pudessem fazê-lo aceitar.
O que não fez de rogado, aceitou com uma condição, convidaria alguns amigos que carrega no peito desde o século passado.
Foi uma festa de arromba, amigos à volta, famílias inteiras, e a própria. Todos os irmãos e irmãs, sobrinhos, e a dona Cecilia, amável e querida mãe.
Tive o privilégio de freqüentar sua animada casa na rua Pará, e saborear comidas maravilhosas, ao lado do seu Zé Dias e de toda a sua ninhada nas animadas manhãs de domingo.
Discursos emocionados, um jogo de futebol entre os nonos de Colorado e os nonos de Maringá, mesclados a alguns sobrinhos, netinhos...
Foi uma festa marcante para ele que deve ter chorado a vontade.
História que homem não chora é coisa de Palmeirense, os outros viventes normais choram em todos os belos momentos da vida.
Eu, que estava nas Minas Gerais em viagem de última hora por causa do meu pai, não pude participar, mas o Norival que me socorreu para a viagem, sabe o tanto que queria estar junto dele e da família, dos seus amigos e alguns meus também.
Assim é a vida, construímos o nosso mundo no dia a dia.
Semeamos sementes, aguamos, cuidamos na trajetória para que tenhamos um belo jardim, florido e vistoso.
Algumas ervas daninhas quando surgem, vamos eliminando, outras sementes plantamos, agregamos, retocamos, protegemos, acolhemos.
O tempo, companheiro inseparável de todos nós, se incumbe de moldar tudo.
O que ontem era feio, hoje se torna belo.
O que ontem era amargo, hoje é doce.
Os que ontem não aceitávamos, hoje convivemos e alguns admiramos.
O tempo nos propicia o conhecimento, o aprendizado, a sabedoria.
O tempo nos dá e nos tira os que mais amamos.
O tempo nos faz encontrar, cultivar e amar.
O tempo, nosso amigo, tem sido generoso com o Norival.
Não o privou de uma bela família, bons amigos e condição para apreciar as coisas que lhe dá prazer.
Parabéns parmeirense.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Família Cota, Cotta, sua origem

José Antônio do Nascimento - Sem Peixe

Galo que cisca, galinha que canta no raiar do dia