As histórias secretas de Kléber do Cruzeiro. Parte 1






Kléber.

Muito se diz sobre o atacante do Cruzeiro.

Mas, pouco se sabe.

Introvertido, desconfiado, ele não gosta de se expor.

Por isso, várias lendas surgiram sobre o jogador que deu uma nova personalidade ao Cruzeiro.

O blog conseguiu uma entrevista mais do que esclarecedora, surpreendente.

Com Giuseppe Dioguardi.

Ele é a pessoa do futebol mais próxima de Kléber.

E que o transformou.

De um jogador de dois milhões de dólares a um avaliado em 15 milhões de euros.

Aqui, as impressionantes histórias de Kléber.

Vamos direto à infância dele.

Ele foi preso pela Febem por roubar toca-fitas como muita gente garante?

E foi na Febem que o São Paulo o descobriu?

Mentira absurda.

Nós já processamos um jornal por haver publicado essa bobagem.

O Kléber teve uma infância difícil em Osasco.

Nunca esteve na Febem.

O pai, parabaino, José Bonifácio, e a mãe, Marlene, descendente de italianos.

A família era bem pobre, mas honesta.

Gente simples, mas trabalhadora.

Cresceu na periferia de Osasco, onde de dez amiguinhos dele, oito ou viraram bandidos ou foram mortos.

Era uma barra muito, mas muito pesada.

O Kléber foi parar no São Paulo com 11 anos.

Jogava na escolinha de futebol de Osasco, a Seno.

Em um amistoso, acabou descoberto (pelo ex-jogador Paulo Nani).

Ele e mais dez atletas foram levados pelo São Paulo.

E aí o que aconteceu?

Bom, o gênio do Kléber começou a aparecer.

Ele sempre foi muito amigo dos amigos.

O São Paulo começou a dispensar os amigos do Kléber.

Dos dez, só ficou ele.

Quando se viu sozinho no São Paulo, decidiu voltar a jogar no Seno.

Ele se despedia da família, fingia que ia para o clube e ia para o Seno.

No São Paulo, ninguém entendia.

Ele estava sumido.

Até que um dia, a mãe dele resolveu o levar ao treino.

Quando chegou lá, o técnico era o Heriberto.

Ele foi logo dizendo para a dona Marlene que o Kléber seria dispensado.

Porque havia sumido por um mês.

Ela começou a chorar e pediu mais uma chance.

O Kléber dizia que não queria ficar no clube porque lá só 'tinha boizinho'.

Mas, ao ver a mãe chorar, ele mudou de idéia.

Percebeu que o futebol poderia ajudar a família e aí resolveu ficar.

E logo se destacou.

Como ele saiu do São Paulo?

Dá para perceber uma certa mágoa do Kléber em relação ao seu ex-clube...

Ele sempre foi muito bem tratado lá.

Só que não concordou com a maneira que saiu.

Ele não só era o titular nas equipes de base, mas o artilheiro.

O Kléber quando tinha 20 anos foi convocado e campeão mundial com a Seleção Brasileira sub-20.

Era 2003 e havia acabado de se profissionalizar.

Estava fazendo os seus primeiros gols pelo São Paulo.

Quando houve uma troca de presidentes (Paulo Amaral por Marcelo Portugal Gouvêa) o caixa estava baixo.

O clube precisava de dinheiro.

E o vendeu por preço de banana, dois milhões de dólares.

Tinha sido campeão mundial sub-20 e foi criado para ser o artilheiro do São Paulo.

O Kléber não queria ir, mas teve de sair.

Ele não gostou da maneira com que tudo aconteceu.

Faltou cuidado, carinho com ele no São Paulo.

Ganhava R$ 7 mil, mas estava feliz da vida lá.

Na verdade, o clube o desperdiçou, o vendendo para a primeira proposta que surgiu.

Foi para o Dinamo de Kiev.

E como foi a vida em Kiev?

Ele é um ótimo jogador e acabou se impondo lá.

Mas estava fazendo muito menos do que poderia.

Jogava abaixo demais das suas possibilidades.

Eu vou contar como começou a nossa ligação.

Eu era agente do zagueiro Rodrigo.

O ajudei a refazer sua carreira.

Ele passou a jogar bem, ganhar muito melhor e ser cobiçado pelos melhores clubes do Brasil.

O Kléber pediu que o Rodrigo me apresentasse.

Ele estava largado por lá.

O ex-empresário dele apenas o vendeu e o esqueceu lá em Kiev.

Eu o conheci e propus a fórmula que ofereci ao Rodrigo.

Era tudo ou nada.

Qual foi a fórmula mágica?

Eu fui claro.

Jogador de futebol precisa ter plano de carreira.

Saber onde quer chegar.

Perguntei para ele se achava que tinha potencial para a Seleção Brasileira, disputar uma final de Libertadores. Uma Copa.

O Kléber é muito franco.

Me disse: "Não sei. Não sei mesmo".

Aí eu respondi.

Se você cumprir o que eu determinar para você, vai ganhar mais futebol e se tornar o grande jogador que não sabe que é.

A primeira coisa que eu fiz foi procurar o presidente do Dinamo, o contrato dele estava para terminar.

Perguntei se o presidente aceitava dobrar o salário.

O dirigente falou que eu estava louco.

Só que eu mostrei as cláusulas para o novo contrato.

Eram assim.

Jogador de futebol só é profissional quando sente dor no bolso.

Multa de 15 mil dólares a cada dia que retornasse atrasado das férias.

30 mil dólares se fosse visto em alguma balada dois dias antes de um jogo importante.

30 mil dólares se fosse flagrado tomando bebida alcólica dois dias antes de entrar em campo.

20 mil dólares se estivesse na noite após as 22 horas dois dias antes de uma partida decisiva.

E que o Kléber, que havia atuado apenas em 23% das partidas naquela temporada, se comprometia a atuar em pelo menos 90% dos jogos na próxima.

Faltavam dez partidas para acabar o campeonato ucraniano.

Falei para o Kléber marcar dez gols que seu salário dobraria e que sua vida mudaria.

Ele fez nove gols até a final.

Na decisão, marcou dois e o Dinamo foi campeão.

O presidente assinou rapidinho o contrato.

Deu o dobro e ainda mais 20% do que ele ganhava.

E a partir daí, o que faltava?

Perder oito quilos.

O Kléber estava acomodado em Kiev.

Como lá só se treina uma vez por dia, estava tudo fácil demais para ele.

Comia mal, bebia cerveja.

Tudo errado.

Eu resolvi agir.

Eu e ele passamos a frequentar à tarde a academia do Dínamo.

Treinamos como nunca.

Ele perdeu oito quilos e eu acabei tendo de entrar em forma, sem querer.

O meu relacionamento com ele deu certo porque eu fui morar em Kiev.

Depois ele teve uma temporada maravilhosa e outra reforma de contrato absurda.

Como assim?

Eu perguntei ao presidente do Dinamo quanto ele pagaria por um atacante como o Kléber vindo do Brasil.

Ele me disse que uns 7 milhões de dólares.

Eu respondi que por esse dinheiro o Kléber ficaria.

O presidente me perguntou se teria de comprá-lo novamente.

Eu falei que sim.

E que levaria vantagem.

O Kléber já estava adaptado, falava ucraniano.

E que no primeiro ano, o Kléber atuaria por empréstimo no Brasil.

Era uma exigência nossa.

Na verdade, ele já queria sair de Kiev.

Mostrar seu talento no país que nasceu e que não o conhecia direito.

Nós exigimos a saída por um ano.

Houve muita conversa, mas no fim deu tudo certo.

Fechamos por 4,5 milhões de dólares de luvas.

O Kléber ficou feliz, valorizado e com a independência financeira nas mãos.

Por isso pode jogar tranquilo, sem se preocupar tanto com dinheiro.

E isso com 25 anos.

O Dinamo foi fundamental para a sua carreira.

Agora chegava a hora de vencer no Brasil...


Acesse ao blog do Cosme e veja a segunda parte da entrevista, excelente.

http://blogdocosmerimoli.blog.uol.com.br/arch2009-07-05_2009-07-11.html#2009_07-11_21_41_37-135376829-0


Comentários

Unknown disse…
aceito convite para assistir a consagração do palestra de minas, desde que a comida seja boa.

reginaldo
Anônimo disse…
Estás convidado.
O problema vai ser o estado emocional do anfitrião.
Abçs

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